Por Nury Acevedo Rivero
A Campanha Meu Educador Social Cristão convida você a refletir sobre uma história do amor incondicional de Deus no resgate de toda criatura.
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Meu pai era autónomo. Fazia e vendia os melhores tijolos da cidade. Minha mãe, dona de casa. Vivíamos numa grande pobreza em uma casa alugada. Minha irmãzinha tinha uma saúde frágil e o nosso lar estava repleto de violência física e verbal.
Na esquina da minha rua tinha uma igreja e a esposa do pastor saía convidando as crianças aos sábados para uma atividade recreativa e evangelística.
Nesses encontros, falavam sobre a escola bíblica dominical. Aos sábados eu podia ir, mas às programações de domingo minha mãe não permitia que eu participasse porque nesta época ela frequentava o espiritismo. Eu via as crianças do bairro indo tão felizes para a escola dominical. Eu não podia participar? Como assim? Nada disso. Comecei a fugir aos domingos de manhã para ir à igreja.
Acredito que a professora, Dona Neuza, sabia da minha situação e era muito atenciosa comigo. Eu sentia que ela se importava comigo. Nas aulas ela me apresentou os heróis da fé. Foi a primeira vez que ouvi a história de José, Jacó, Moisés, Josué, Caleb, e tantos outros.
A história de José me impressionou muito porque ele era jovem e eu queria ser forte como ele. Não me lembro quantas vezes eu li e reli a história dele na Bíblia. Foi um tempo muito difícil em casa, mas os domingos na igreja eram o meu refúgio e me traziam alegria e esperança. Eu sei que estas experiências dominicais se tornaram fatores de proteção para mim, num contexto de muita vulnerabilidade. Era ali que eu sentia duas coisas importantes: que Deus estava do meu lado, e que ao menos uma pessoa se importava comigo incondicionalmente, a Dona Neuza.
O tempo passou, meus pais se divorciaram, saímos do bairro, e eu perdi o contato com Dona Neuza.
Em maio de 2017, minha mãe teve que passar por um processo cirúrgico e fui para o Uruguai cuidar dela. Nunca esqueci de Dona Neuza. Agora, visitando a minha cidade natal, senti Deus falando para procurá-la e agradecer a ela o que tinha feito por mim. Fiquei sabendo que ela e sua família tinham se afastado da fé devido a conflitos com alguns líderes. Estava na hora de lhe fazer uma visita.
Uma tarde fria e cinza de junho, saí pelo bairro procurando a casa da família Lafurcate. Tinha uma leve lembrança e os vizinhos logo me ajudaram. Bati na porta e ouvi aquela mesma voz, um pouco cansada, mas com certeza a voz da dona Neuza. Ela estava cega devido a problemas de saúde. Me apresentei e disse que estava ali para agradecer pelo investimento feito por ela em minha vida quando criança. Agradeci a ela pelo carinho e por contar histórias que marcaram minha vida.
“Hoje sou missionária e conto histórias para crianças e adolescentes nas ruas de Recife, mas foi a senhora quem me ensinou sobre os heróis da fé”, disse, já me derretendo em lágrimas. Ela também começou a chorar. Nos abraçamos e nos alegramos ao contemplar o amor tão especial de Deus pela minha vida, transmitido por ela a mim quando ainda criança. Ela disse que olhando para o passado percebia que Deus a usara influenciar muitas crianças, hoje espalhadas pelo mundo falando do amor de Deus.
Contou um pouco dos conflitos na igreja e eu a animei a volta ao seu primeiro amor por Deus. Naquela tarde fria e cinza, ela e o esposo pediram perdão ao Senhor e renovaram o compromisso com Ele. Antes de sair, eles se comprometeram a iniciar um processo de reconciliação com a igreja.
O mesmo amor que fez com que ela se importasse com aquela criança mal-amada, agora voltava a ela por meio do agir de Deus na minha vida. Pude retribuir, agradecendo, visitando e orando por essa preciosa professora de escola dominical. Foi um grande privilégio!
A Campanha Meu Educador Social Cristão deseja encorajar os corações de todo educador em sua valiosa missão. Baixe o guia, mobilize sua escola, projeto social, igreja, comunidade, participe e ore.