A Igreja Cristã Reformada chegou ao Brasil junto com o governo holandês, em 1630, quando este ocupou o Nordeste, a começar por Recife, PE. Apesar de não ter nascido da “semeadura da pregação”, e sim como fruto da invasão estrangeira, a Igreja se preocupou com os problemas sociais da época.
Em seu livro Igreja e Estado no Brasil Holandês (1630-1654), o historiador pastor Francisco Leonardo Schalkwijk revela a presença e a atuação da Igreja Reformada na sociedade. A seguir, transcrevemos trechos do relato sobre o cuidado dos órfãos:
“O problema [grande número de órfãos] agravou-se porque muitas pessoas pobres se mudaram para o Brasil holandês, onde vinham a falecer. O pastor Nicolau Ketel junto com dois diáconos demonstraram ao governo que não era possível colocar todos os órfãos em famílias pagando-se uma pequena remuneração; e, nesse caso, os conselheiros solicitaram que a Igreja fizesse uma sugestão por escrito. (…) O número de órfãos aumentou assustadoramente depois do começo da revolta. O presbitério preocupou-se muito com esse assunto, porque os órfãos estavam morando no hospital do Recife por falta de um orfanato; e por causa do muito trabalho para com os necessitados, não conseguia cuidar adequadamente dos órfãos. O problema era realmente sério. (…)
Muitos desses órfãos devem ter alcançado a Holanda depois da capitulação. Nós encontramos alguns deles no livro da diaconia de Amsterdã, em que se vê o reflexo de suas lágrimas de órfãos nas anotações secas sobre transferências de lar em lar, até que entrassem no orfanato da capital holandesa. (…)
Na verdade, havia muita cooperação entre os dois braços da Igreja, a pregação e a assistência social”.*
A Igreja Evangélica Reformada permaneceu no Brasil até 1645. O governo holandês deixou o país em 1654.
Nota
* SCHALKWIJK, Frans Leonard. Igreja e Estado no Brasil Holandês (1630-1654). São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p 163- 164.