Casados há mais de 20 anos, a geógrafa Suely Aparecida Gomes Moreira e o esposo, o assistente social, Cláudio Edmar Moreira sempre sonharam em ter filhos. Depois de várias tentativas frustradas de gravidez biológica, o casal resolveu adotar.
O menino João Vitor Moreira Gomes nasceu em 13 de novembro de 2005, mas foi em outubro de 2015 que chegou na vida do casal. Suely conta que a decisão de adotar João Vitor fez com que a vida ganhasse um novo sentido. “Romantizamos um pouco a adoção, temos desafios, afinal a criança passou por situações de negligência e chega machucada, mas valeu cada minuto. Com ele, crescemos e aprendemos. Construímos um vínculo intenso. Ele é com certeza nossa maior alegria, nosso maior presente”.
Uma nova realidade para João Vitor, que deixou de fazer parte das mais de 4.137 crianças e adolescentes que estão em casas de acolhimento e instituições públicas por todo país para adoção. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, que administra o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), só em Minas, são 570 à espera de uma família e 590 estão em processo de adoção.
Em Uberlândia, 23 crianças e adolescentes aguardam para serem adotados. São 222 processos habilitados inscritos, ou seja, famílias que estão aptas para adotar. Em 2019 foram 41 adoções ajuizadas, em 2020, 12 e em 2021, 34 adoções.
João Vitor teve um final feliz. Mesmo com mais de 10 anos conseguiu uma família. Isso porque a maioria dos pretendentes quer adotar abaixo dessa faixa etária. “Geralmente os pais procuram um bebê. A princípio, pensamos em uma criança com até três anos, chegamos a fazer o cadastro, mas depois preferimos o que chamam de adoção tardia. Um dia, recebemos a ligação da Busca Ativa da Vara da Infância de Uberaba. Depois de um curso de postulantes que fizemos na Pontes de Amor abrimos nossos olhares para crianças maiores e somos muito gratos por termos o João Vitor, tudo foi muito propositivo”, conta a mãe.
Adoção Acompanhada
“Os desejos mudaram, assim como o arranjo familiar. Hoje temos uma pluralidade de famílias. Assim como há pessoas que querem bebês, há os que preferem crianças maiores também. Tabus têm sido demolidos. É um avanço”, conta.
A Pontes existe para ajudar os que sonham em ser pais. “Lutamos para que toda criança e adolescente tenha uma família. O mais importante é reforçar que a adoção é voltada para manter o interesse e o bem-estar da criança e não dos pais adotantes. Por isso, o ambiente adequado é primordial.
Na Pontes de Amor as pessoas podem encontrar respaldo, apoio, orientação e serviços de forma profissional, ética, especializada e gratuita. Temos cursos para se prepararem para esse momento, oferecendo apoio terapêutico, psicológico, jurídico e psicopedagógico antes e depois da adoção”, acrescenta Sara.
Planos da família
Suely e Cláudio ainda sonham em adotar mais duas crianças. “Estamos há oito anos no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento aguardando. Amor não tem idade e vínculo, não é apenas de sangue. Ainda temos esperança de que nossos outros filhos cheguem. Temos muito amor para compartilhar. Deus sabe todas as coisas e é nas mãos Dele que deixamos”, finaliza Suely.
Há 10 anos, Pontes de Amor ajuda famílias no processo de adoção
Sobre a Pontes de Amor: Criada em 2012, o Pontes de Amor é uma Organização Filantrópica sem fins lucrativos, filiada à Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD), que atua em Uberlândia e no Triângulo Mineiro em sintonia com a Vara da Infância e da Juventude, Órgãos e Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente. Surgiu diante da preocupação com a garantia dos direitos de crianças/adolescentes institucionalizados e dos altos índices de devolução de crianças por famílias adotivas no Brasil e de crises familiares no pós-adoção por falta de apoio, acompanhamento psicológico, psicopedagógico.
O grupo Pontes de Amor foi criado com o objetivo de apoiar e incentivar a adoção legal e a convivência familiar e comunitária, promovendo saúde intra e inter relacional de crianças, adolescentes e suas famílias e com a sociedade. Além disso, busca auxiliar e facilitar a convivência social, familiar e comunitária da criança e do adolescente em processo de adoção ou em estado de acolhimento. Este trabalho é desenvolvido especialmente na preparação de famílias adotivas ou pretendentes à adoção com orientação e acompanhamento.
Por: Sara Vargas, Diretora da Pontes de Amor e da ANGAAD (Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção), conselheira do WWO (Global World Without Orphans), facilitadora do WWO Brasil.