Terceiro estudo: Ele é o Dono que Cuida e Valoriza

Instruções para o Facilitador: Comece o momento devocional lendo a história do cego de nascença 

Quase 600 anos depois de Ezequiel, e 1.000 depois de Davi, os fariseus nos dias de Jesus, baniram um cego por ter sido curado em um sábado (João 9:35). A conversa entre os fariseus e o recém-curado cego demonstra uma grande clareza espiritual da parte do cego recém-curado:

Levaram aos fariseus aquele que antes era cego. 14 E era sábado o dia em que Jesus fez a lama e lhe abriu os olhos. 15 Então os fariseus lhe perguntaram outra vez como podia ver. Ele respondeu: 

— Ele pôs lama sobre os meus olhos, lavei-me e estou vendo.

16 Por isso, alguns dos fariseus diziam: 

— Esse homem não é de Deus, porque não guarda o sábado. 

Mas outros diziam: 

— Como pode um homem pecador fazer sinais como estes? 

E houve divisão entre eles.

17 De novo perguntaram ao cego: 

— O que você diz a respeito dele, uma vez que lhe abriu os olhos? 

Ele respondeu: 

— É um profeta.

18 Os judeus não acreditaram que ele tinha sido cego e que agora podia ver, enquanto não chamaram os pais dele.

Os pais reconheceram o filho mas mandaram os líderes arguir o filho já que era adulto.

22 Os pais dele disseram isso porque estavam com medo dos judeus, pois estes já tinham combinado que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga. 23 Foi por isso que os pais dele disseram: “Ele já tem idade e poderá falar por si mesmo.”

24 Então chamaram, pela segunda vez, o homem que tinha sido cego e lhe disseram:

— Diga a verdade diante de Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.

25 Ele respondeu: 

— Se é pecador, não sei. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.

26 Perguntaram-lhe outra vez: 

— O que ele fez a você? Como lhe abriu os olhos?

27 Ele respondeu: 

— Já lhes disse, mas vocês não ouviram. Por que querem ouvir outra vez? Por acaso vocês também querem se tornar discípulos dele?

28 Então o insultaram e lhe disseram: 

— Discípulo dele é você! Nós somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés, mas este nem sabemos de onde é.

30 O homem respondeu: 

— É estranho que vocês não saibam de onde ele é, mas ele me abriu os olhos. 31 Sabemos que Deus não atende a pecadores. Pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende. 32 Desde que o mundo existe, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. 33 Se este homem não fosse de Deus, não poderia ter feito nada.

34 Mas eles disseram: 

— Você nasceu cheio de pecado e quer nos ensinar? 

E o expulsaram.

Jesus responde aos fariseus resgatando o tema dos pastores e das ovelhas (João 10:10b, 11a). Veja a passagem na tabela abaixo.

Instruções para o Facilitador. Peça para cada participante ler as passagens enquanto você lê o comentário na tabela abaixo:

O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente. Eu sou o bom pastor. João 10.10-11a

O objetivo do Bom Pastor oferece um contraste com as intenções dos pastores descritos em Ezequiel que não se importavam com as ovelhas, mas apenas consigo mesmos. Ao mesmo tempo, Jesus fez uma forte ligação com o Salmo 23, salmo de Davi. O Senhor se apresenta como um pastor. É uma forma sutil de Jesus afirmar que é Deus, especialmente se considerarmos que apenas Deus é bom. Ele então faz uma comparação entre o bom pastor e os trabalhadores contratados.

O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. O assalariado não é o pastor a quem as ovelhas pertencem. Assim, quando vê que o lobo vem, abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca o rebanho e o dispersa. Ele foge porque é assalariado e não se importa com as ovelhas. João 10.11b-13

O profeta Ezequiel tinha dito, há 400 anos atrás, que quando as ovelhas são dispersas, e em más condições, que na verdade estavam sem pastor. Em outras palavras, não adianta ter líderes que ocupam lugares de poder sobre o povo, se esse líder não se importa com o povo. Um título como rei, governante, governador não significa nada se o povo estiver disperso, doente ou até morrendo. Aqui, Jesus fala de trabalhadores contratados. Talvez ele esteja se referindo ao sistema de governo romano sobre Israel. O Império Romano controlava quem governaria em Israel. Assim, eles respondiam primeiro par Roma e não se importavam com as ovelhas; eram trabalhadores contratados. E isto, assim como nas profecias de Ezequiel, era a mesma coisa de estarem sem nenhum pastor.  Em contraste, o Bom Pastor valoriza tanto as suas ovelhas que é capaz de dar a sua vida por elas.

Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem;

assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. João 10.14-15

Jesus reafirma quem ele é. Ele conhece as suas ovelhas, e elas o conhecem. No contexto desta conversa e da cura do cego, os fariseus não sabiam quem era Jesus (9:29), portanto não são suas ovelhas. De acordo com Jesus, os governantes também não conheciam Jesus (João 18:28-19:16).  Não conhecer a Jesus implica que eles desconhecem a Deus Pai. 

 

As ovelhas pertencem ao pastor, algo mais valioso do que simplesmente estar presente ou ter um título. O conhecimento que Jesus utiliza aqui vai além do conhecimento científico e superficial mas sim uma relação baseada no amor, no cuidado e no sacrifício.

Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. João 10.16

O rebanho de Jesus não é fixo, ele está aberto para aqueles que virão. Jesus estava se referindo aos gentios, ao resto do mundo. Nós somos estas outras ovelhas! E esta fala de Jesus também cumpre a promessa feita lá no início a Abraão, que a descendência dele abençoaria a todas as nações.

Seu trabalho, seu ministério com crianças e adolescentes em risco, coloca você em um papel de pastor ou pastora porque você lidera e guia. Ao mesmo tempo, você também é ovelha que precisa de ser guiada pelo Bom Pastor. 

É possível que você como ovelha esteja passando agora por um vale sombrio da morte (Salmo 23). Por outro lado, é bem provável que você veja a situação de nossas cidades e comunidades como lugares governados por “mãos contratadas”. Os programas, escolas, sistemas que deveriam estar em vigor, financiados e administrados para o benefício das crianças e suas famílias, são precários. Há líderes em nossas comunidades que assumem o controle por vias corruptas e visando o seu próprio ganho. 

Jesus declara duas coisas poderosas neste texto. Primeiro, que a sua chegada anuncia vida plena e em segundo lugar, que ele mesmo dá a sua vida por nós, que seu compromisso conosco é total.

Instruções para o Facilitador. Escreva as perguntas abaixo em fichas e distribua entre os participantes. Peça para cada um ler e comentar, coordenando o tempo para que todos possam falar se desejarem.

Jesus disse, “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. O que significa vida em abundância? De que forma isso dá significado, apoio ao seu trabalho com crianças vulneráveis ​​e suas famílias?

Como conhecer Jesus como o Bom Pastor traz esperança para você pessoalmente e em seu trabalho com crianças e/ou adolescentes?

Como conhecer Jesus traz esperança às ovelhas que foram dispersas, perdidas e abandonadas?

 

Por James Bruce Gilbert