Ovelhas se dispersam, apenas o Cordeiro fica!
Jesus tinha acabado de celebrar a Páscoa, a maior festa do calendário do povo judeu desde a saída do povo de Israel do Egito, um lugar de escravidão. Durante a festa, o principal item do cardápio era um cordeiro assado. Isso porque, na noite em que o povo de Israel saiu do Egito, cada família comeu um cordeiro. Eles entendiam que o cordeiro inocente era o sacrifício necessário para que Deus perdoasse os seus pecados. O cordeiro dava a sua vida em sacrifício.
Naquela noite, Jesus havia partido o pão e dado a eles o vinho, representando o seu próprio corpo que seria dado em sacrifício para a redenção de toda a humanidade. Nesse sentido, Jesus era o Cordeiro da Páscoa. Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Então Jesus lhes disse: “Ainda esta noite todos vocês me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas’. Mateus 26:30
Quando Jesus distribuiu pão e vinho para os discípulos e declarou “Este é o meu corpo, este é o meu sangue”, ele estava se colocando como o Cordeiro, aquele que é oferecido como sacrifício.
Logo depois, Jesus diz aos discípulos que eles o abandonarão naquela mesma noite. Certamente ouvir isso foi um choque. E é então que Jesus retorna ao tema do pastor, chamando a si mesmo de pastor, e atribuindo a Deus a ação de “ferir”. Jesus cita a profecia registrada pelo profeta Zacarias. (Zc 13:7)
Jesus é, ao mesmo tempo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e o Pastor que reúne as ovelhas desgarradas. Jesus dá a má notícia de que será atingido, e desta vez será para a morte. Mas aí, em seguida, ele mesmo se apressa a dizer: “Calma, há boas notícias também. Eu serei ressuscitado”.
“Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galileia”.
Pedro respondeu: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!”
Mateus 26:32-33
Essa é a parte principal da fala de Jesus. Mas Pedro, com muito otimismo e ingenuidade, não aceita a fala sobre o pastor e as ovelhas e a previsão de Jesus de que os discípulos, assim como ovelhas medrosas, serão dispersos.
Nosso ambiente, incluindo as pessoas ao nosso redor, exercem grande influência sobre nós. Nisso, Pedro e os discípulos não são tão diferentes do que somos hoje. Pedro se deixa levar pelo momento e diz algumas coisas muito fortes. Pedro é muito otimista, assim como os outros discípulos.
Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe que ainda esta noite, antes que o galo cante, três vezes você me negará”.
Mas Pedro declarou: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros discípulos disseram o mesmo.
Mateus 26:34-35
A realidade era que Pedro tinha medo de morrer (assim como qualquer ovelha) e por isso, quando a ameaça se tornou evidente, ele negou que estava ligado a Jesus. Além disso, ele tinha a ilusão de que Jesus ia escolher usar o seu poder contra os seus inimigos. A realidade era que Jesus ia se entregar. Pedro acreditava que jamais negaria a Jesus. Seu otimismo foi tão longe que ele declarou que morreria por Jesus. Quando confrontado pelos líderes políticos e religiosos, e quando Jesus, que podia acalmar tempestades, curar os doentes, expulsar demônios, se recusou a se defender, o otimismo de Pedro fracassou. Jesus estava certo, os discípulos, suas ovelhas do seu rebanho foram dispersas naquela noite!
Quando os discípulos se tornaram apóstolos após a ressurreição de Jesus, Pedro e todos os discípulos — com exceção de Judas — deram suas vidas a Jesus. A verdade era que o sacrifício de Jesus era a única forma de ele promover a reconciliação de todas as coisas com o Criador. A verdade era que a reconciliação se baseava no amor e não no poder. A verdade era que Jesus queria reunir suas ovelhas como um pastor, e não montar um exército para uma grande conquista militar. A verdade misteriosa era que o bebê que veio como Salvador, também veio como um cordeirinho, puro, e disposto a entregar a sua vida por todas as ovelhas do rebanho. Todas estas verdades finalmente fizeram morada nos corações dos seguidores de Jesus, dando a eles esperança e coragem para perseverar até o fim.
Você consegue imaginar que o bebê na manjedoura é um cordeiro, um cordeiro com a missão de se entregar, e que o sacrifício dele nos conecta de volta ao Bom Pastor?
Por James Bruce Gilbert