Por Débora Vieira
Se você serve na igreja local, seja no ministério de crianças e adolescentes ou em qualquer outra área da igreja, você já deve ter se deparado com aquele momento em que você olha pro lado e se sente sozinho na batalha. Há tanto a fazer! Mas realmente são poucos que podem e conseguem se dedicar ao ministério eclesiástico. Existem pessoas de fora que valorizam o trabalho, mas arregaçar as mangas… bem, é outra história. Em parte, é compreensível que a vida tenha outro ritmo hoje, mas será que os que servem na igreja estão então fadados ao esgotamento devido à sobrecarga?? Ou será que os ministérios – de educação cristã, por exemplo – acabarão extintos, pois ninguém terá tempo para de realizar um trabalho voluntário bem feito?
Quando Jesus comissiona a segunda leva de setenta discípulos em Lucas 10, ele os divide em duplas para irem às cidades que ele gostaria de visitar posteriormente. A missão era chegar antes de Jesus e preparar o terreno. Note: duas pessoas para toda uma cidade! Esses dois deveriam percorrer todo o local, curar possíveis enfermos e anunciar: “O Reino de Deus está próximo”. Foi para esse contexto que Jesus os preparou, dizendo: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lucas 10:14) Que tarefa desafiadora! Ele poderia ter preparado mais discípulos se quisesse, não poderia? Mas a estratégia daquele que não perde nunca a batalha foi outra: ele trabalharia com poucos que rogariam ao Pai.
O fato de muitas vezes nos percebermos como esses “poucos” comissionados para servir não deveria nos surpreender. De pronto, certamente nos animaria sermos muitos. Porém não só neste texto de Lucas 10, mas em tantas outras passagens da Bíblia vemos como Deus se satisfaz ao usar o pequeno, o simples, o menor, o pouco, para manifestar a sua glória. A matéria prima do Criador é o pouco – quando não é o nada! A Obra é dele e esse é o jeito dele trabalhar; no nosso pouco há bastante espaço para ele gerar a vida que só ele traz. Assim, a coisa parece ser mais sobre conhecer e ouvir mais o Estrategista Dono da Missão do que compararmos nossa demanda ao nosso tamanho. Parece, de novo, ser mais sobre ouvir, crer e obedecer.
Se temos cinco pães e dois peixes, vamos entregar? Se temos somente uma pedra diante de um gigante, vamos lançar? Se somos somente 300 diante de 135 mil, marcharemos? Se somos somente dois para curar enfermos de toda uma cidade, iremos? Se estou sozinho no ministério e tenho poucos recursos, farei o que o Senhor quer de mim agora?
Tenhamos esta certeza: você e eu ainda vamos ouvir muitas pessoas dizendo “não tenho tempo para servir”. E diante disso, temos o caminho da reclamação, que pouco ajudará a resolver a questão de fato. (Talvez a única sensação ilusória que esse caminho possa trazer é a de que somos melhores do que os que não servem. Mas isso é tão inútil para resolver a questão quanto falso diante de Deus.) Ou podemos ir pelo outro caminho: humildemente fazermos as pazes com nossa pequenez, comprindo somente e fielmente o que Jesus nos manda fazer. E enquanto isso, aprendemos a rogar ao Senhor da Seara que ele, em tempo oportuno, mande os trabalhadores que obedecem sua doce voz também.
Veja este artigo da psicóloga Isabelle Ludovico que fala justamente sobre não precisarmos ser “salvadores do ministério”:
Nem salvador, nem vítima – agente de transformação.
https://www.maosdadas.ong.br/nem-salvador-nem-vitima-agente-de-transformacao/