As Crianças e o Luto

As Crianças e o Luto

No dia 2 de novembro comemora-se o Dia de Finados, também conhecido como Dia de Todas as Almas ou, ainda, Dia dos Mortos. 

Em nossa cultura é comum que, nesta data, as pessoas visitem os túmulos de seus entes queridos e os enfeitem com flores e até acendam velas, como uma maneira de homenageá-los ou até mesmo de expressar a falta que têm sentido.

Contudo, dentre a dor da perda e a rememoração honrosa, existe um grupo que muitas vezes passa despercebido e tem seu luto negligenciado: as crianças

Foi lidando diretamente com esta questão que Mel Erickson¹ criou o método Kid Talk, um programa que busca ajudar grupos de crianças que estão enfrentando a dor do luto, depois da perda de uma pessoa importante em suas vidas, a passarem de maneira adequada por esta etapa.

Agora, em parceria, a Geração Elo, o Projeto Calçada e a Rede Mãos Dadas, estão trabalhando na transferência metodológica deste programa para a realidade brasileira, gerando, então, o Sempre Com Você!

Numa reunião de apresentação do programa, realizada no dia 15 de agosto de 2024, Mel Erickson, falou sobre suas experiências até então.

 

“As crianças são vítimas esquecidas. A morte e a perda, principalmente antes dos 10 anos de idade, causam um impacto profundo e, muitas vezes, para toda a vida. 

O luto não resolvido pode evoluir para transtornos somáticos, alterações comportamentais, problemas de relacionamento, dificuldades escolares, e até depressão. Isso tudo pode evoluir para condutas irreverssíveis, como o suicídio.  

Considero que os dois principais pontos a ponderar sobre o luto das crianças é que, em primeiro lugar, elas têm uma percepção mais tardia do que a dos adultos e que, em segundo, elas  possuem poucos recursos para expressar adequadamente seus sentimentos. 

 

Além disso, “partir” é um conceito abstrato. É difícil de entender, por exemplo, o “não voltar nunca mais”. (Na verdade, para os adultos também é!) 

Portanto, talvez só venhamos a ver o luto se manifestar numa criança depois de seis meses ou até um ano da morte. 

Como as crianças não têm muitas habilidades de expressão, o luto se manifesta em comportamentos como regressão, agressão, dificuldades para dormir e comer, rebeldia oposicionista, medo, preocupação com a morte, entre outros. 

E, como um complicador a mais, os adultos em luto, próximos da criança, podem não reconhecer o luto de uma criança simplesmente porque é diferente do seu próprio luto.”

Sobre o Sempre Com Você… 

“Nos encontros do SCV, percebemos que as crianças se unem e encorajam-se mutuamente; sentem-se normais. 

Com o desenrolar dos encontros, também temos o privilégio de ver a esperança substituir a dor, o alívio das crianças que não se sentem mais sozinhas lidando com sentimentos que não entendem, e a alegria delas em expressar o amor que ainda sentem pelos falecidos. 

Testemunhamos o retorno das crianças ao seu entusiasmo natural pela vida, com uma compreensão ampliada da normalidade do processo de luto e do amor de Deus, seu cuidado e  provisão para elas.  

As crianças adoram o programa! Já tivemos famílias que mudaram seus planos de férias para não perderem um encontro! As crianças gostam especialmente das atividades interativas e amam se envolver com outras crianças que as entendem”.

 

¹Mel Erickson foi uma criança em luto aos quatro anos de idade, quando sua avó (e responsável) morreu; depois aos doze, quando seu irmão foi morto, e mais uma vez aos dezesseis, quando perdeu seu pai. Mais tarde, ela e seu marido se graduaram em Serviço Social e Psicologia, respectivamente, e moraram por dois anos no Brasil, em Carmo do Rio Verde, Goiás, como voluntários do Corpo da Paz. Voltaram para os Estados Unidos em 1967, três meses antes do nascimento do primeiro filho, Don Paul. Seus outros dois filhos, David e Dayna, nasceram com cinco anos de diferença. Eles também se tornaram crianças em luto quando Don Paul morreu, aos 15 anos de idade. Mel era assistente social em um hospício local e recebeu treinamento extensivo para se tornar uma especialista em luto. No início dos anos 90, ela passou a trabalhar com famílias e crianças em luto em hospitais e escolas públicas, 30 anos depois, enquanto estava isolada em casa por causa da COVID-19, documentou todo este seu trabalho. O método Kid Talk representa mais de 25 anos de aprendizado com crianças e outros profissionais.

 

Ficou curioso sobre o programa Sempre Com Você? Deixe um comentário aqui embaixo que entraremos em contato com você!



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