Dia 5: “…perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores…”
Sou convidada na oração do Pai Nosso a pedir perdão pelas minhas transgressões com a certeza que o meu Redentor vive, é misericordioso e compassivo e que quer afastar de mim os meus pecados. “Pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o temem; e como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós as nossas transgressões” (Sl 103.11,12).
Na verdade, esta é a melhor notícia de todos os tempos, que Jesus pagou a minha dívida, e para isto ele entregou a sua vida. Era uma dívida impagável e que me tornava escrava do pecado e me mantinha afastada de Deus. Tenho acesso ao Pai, por meio de Jesus Cristo. Compreender, de fato, a grandeza deste perdão, me leva a única reação coerente possível: perdoar de igual modo aqueles que me ofenderem!
O Evangelho de Lucas conta uma história que ilustra bem o quanto esta reação, infelizmente, é difícil para nós. Depois de um bom tempo de ministério na Galileia onde Jesus demonstra em ações e palavras o evangelho que liberta os cativos, ele resolve se dirigir a Jerusalém. Bem no comecinho desta longa jornada, ele envia alguns mensageiros adiante para organizar a hospedagem num vilarejo samaritano. Mas os samaritanos negam hospitalidade a Jesus. A animosidade entre judeus e samaritanos era forte.
“Queres que mandemos fogo do céu para os consumir? ”
O quê? Quem disse isto? Os discípulos João e Tiago! Para qual ofensa? A de negar a hospitalidade a Jesus. Esta era uma injúria muito mais grave para os povos antigos do que é para nós hoje, individualistas que somos. Mesmo assim, desejar a morte impetrando-lhes a maldição de Deus, não é atitude digna de quem já recebeu o perdão por uma vida de ofensas e transgressões dirigidas a este mesmo Deus! Jesus já tinha ensinado “Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam” Lc 6.27. Ele também já tinha ensinado: “Perdoem, e serão perdoados” Lc 6.37. Jesus já tinha repreendido o fariseu que o recriminava por aceitar a adoração pública de uma mulher pecadora, “Aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama” Lc 7. 47.
Bom, no final das contas, Tiago e João foram duramente advertidos e a comitiva seguiu para uma outra vila.
O fato é que eu sou como aqueles dois discípulos. Na caminhada, minha primeira reação nem sempre é retribuir o mal com o bem, tratar aqueles que me ofendem com misericórdia ou compreensão. Perdoar antes que o outro peça perdão não acontece por instinto e sim por uma decisão, por vezes tardia, de obedecer o exemplo de Jesus.
Como discípulos, homens e mulheres com uma tendência a nos considerarmos superiores e corretos, precisamos:
1- CONFESSAR os nossos mal hábitos do coração. Nem sempre o pecado é uma ação. Ele pode ser uma atitude preconceituosa, pode se manifestar em mágoa ou pensamentos grandiosos e enganosos sobre quem somos!
2- PERDOAR aqueles que nos magoaram. Perdoar é um ato contínuo. Em alguns casos, vamos ser tentados a retirar o nosso perdão. Permanecer numa atitude de perdão é algo que requer prática diária. E esta prática passa pela nossa gratidão em relação a tudo que Deus já fez por nós.
3- Jesus, ainda na cruz, antes mesmo de vencer a morte, já estava estendendo o perdão para os seus agressores. Às vezes, precisamos de um pouco mais de tempo. Perdoe o quanto antes, e se estiver difícil, peça a Deus para lhe dar a graça do perdão!
Pense agora em sua família:
1- Todos em sua família já conhecem a alegria de ter um Redentor? Ore para que isto se torne realidade na vida de cada um. Ore especialmente por aqueles que lutam com sentimentos de culpa e mágoa, que tem o poder de adoecer a alma e estragar os nossos relacionamentos.
2- Gaste um tempo em silêncio pedindo a Deus que sussurre no seu coração áreas que você precisa confessar. Se vier alguma coisa ao seu pensamento, não gaste tempo analisando para se desculpar, peça perdão imediatamente!
3- Faça agora o mesmo com relação a pessoas e situações que lhe causaram dor, vergonha ou sofrimento. Peça a Deus para te ajudar a ver a situação de forma completa, por vários ângulos e que ele te ajude a colocar em palavras e de forma clara a natureza da ofensa.
“Senhor, eu continuo a sofrer com o fato de que ____________________________. Eu entrego esta ofensa nas tuas mãos. Esta dívida não é mais minha para cobrar porque o Senhor já a pagou. O estrago que ela fez em mim, eu confio no seu poder curador para me restabelecer completamente! Amém. ”
Por Elsie Gilbert, imagem Andrew Gilbert