Conflitos na Liderança do Ministério Infantil

Conflitos na Liderança do Ministério Infantil

Por Débora Vieira

Apesar do tema “conflitos” fazer parte do nosso dia a dia, parece que dentro da igreja esse tópico é um tanto quanto difícil de encarar. Somos cristãos, falamos em promover a paz diante de todos, mas há algo que parece, vez por vez, atravancar esse nosso intento. Os conflitos. Existem. Apesar de ser incômodo e difícil de engolir, a verdade é que líderes de igreja, professores, educadores – de crianças e adolescentes – conflitam. 

A igreja, a grande família de Deus, é formada por pessoas falhas, sabemos disso. Mas de alguma forma, é como se não pudéssemos sê-lo. Ainda mais os que ensinam os pequenos a “como serem bons cristãos”. Esses conflitam? Esses têm questões difíceis entre si? Esses têm opiniões, valores, interesses, objetivos diferentes? E então, por via de regra, são tomados um dos dois rumos: ou 1) o rumo da evitação/ silêncio diante do problema, geralmente seguido de comentários com outras pessoas não envolvidas na solução efetiva da questão ou 2) o rumo do choque, da briga, com formação de mágoas e, não raro, rompimento de relacionamentos. Não sabemos lidar com conflitos com naturalidade. 

Por um lado é fácil, para não dizer óbvio, assumirmos que somos humanos e que cada um de nós tem sua criação, sua personalidade, sua formação, dentre tantas outras peculiaridades. Seria tranquilo admitir que podemos pensar e agir diferentemente uns dos outros – e sim, que essas diferenças inevitavelmente poderiam se colidir em algum momento – se não fosse o outro lado da história: o lado da religião. “A roupa pesada do crente”. Ela, muitas vezes, não gosta e nem deixa que sejamos humanos. 

Porém Jesus, o Deus que se fez homem, amou nossa humanidade (João3:16). Ela nunca foi um impedimento para a ação do poder Dele sobre nós. Na verdade, quanto mais reconhecemos nossa natureza humana, limitada, mais o poder de Jesus tem liberdade de se manifestar sobre ela (João 15:5, 2 Coríntios 2:9-10, Filipenses 4:13). Aleluia!

É isso. Mais do que já pensar em “como resolver conflitos entre os educadores do ministério infantil” se faz necessário, antes, acolher com mais intenção nossa condição de “seres de conflitos”. Ou seja: reconhecermos finalmente que teremos conflitos, sempre, sim. Em qualquer lugar. E tudo bem. Não porque o conflito seja algo positivo em si, mas porque simplesmente não há como pensar em relações humanas que não conflitem. Irmãos de fé, apesar de terem um coração transformado por Jesus, são humanos: têm histórias e formações diferentes e, portanto, visões, valores e opiniões diferentes. Não descartando a mancha do pecado que marca nossas intenções. Como não entraríamos em conflito hora ou outra? 

Então sim: partindo do ponto de que enxergamos os conflitos como algo natural, ficam os questionamentos: Estamos sabendo lidar com nossas desavenças, como igreja, como ministério infantil? Encaramos conversas difíceis ou acabamos por falar do irmão “por trás”, presumindo que ele não entenderá nosso ponto de vista? E a nova geração? Estamos ensinando-a como enfrentar com sabedoria seus inevitáveis conflitos? Eles conseguem ter referência de como agir em amor na hora difícil, ou acabam constatando que, na prática, os adultos não aplicam os ensinos das histórias bíblicas? 

Você deve saber e eu sei também de muitas histórias de membros de Igreja que não souberam lidar com conflitos. Mas, sem querer minimizar situações difíceis que precisam de mediação, muita sabedoria, tempo, e às vezes até um afastamento (cada caso é um caso), é confortante lembrar que a Bíblia sempre dará o norte que precisamos: Em 1 Coríntios 13 lemos que até vir o que é Perfeito sempre veremos as coisas somente em parte. Nenhum de nós consegue ver o todo, só o Amor Perfeito consegue. Se O buscarmos, com ajuda, talvez começaremos a andar com mais paciência, encarando a dor de reconhecer que estamos todos num processo e não somos perfeitos. Desse modo, devagar, vamos percebendo que precisamos da parte do outro para entender o todo – principalmente nas conversas difíceis. Elas fazem parte.

Que o amor de Jesus em nós tenha espaço para construir coisas novas a partir dos inevitáveis conflitos que irão surgir. Sem expectativas distorcidas sobre o outro, mas com tempo para a verdade ser digerida em amor, por ambas as partes. Que, ao aprendermos juntos, mostremos aos pequenos, através de nossas relações, que esse Amor de Jesus, o Caminho, é real na igreja e jamais foi “somente uma historinha”.

E se você quiser aprender com um exemplo de conflito resolvido por Jesus, veja este artigo de Ronaldo Lidório escrito para nossa parceira Ultimato. Você vai se inspirar: https://www.ultimato.com.br/conteudo/o-modelo-de-jesus-para-solucionar-conflitos-pessoais 

 

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