Por Edgar Durán
Até alguns anos atrás, as pessoas com alguma deficiência eram vistas como cidadãos de segunda categoria, careciam de direitos legais e eram consideradas um fardo social.
Acordos emanados das convenções, tais como a Declaração dos Direitos Humanos, a Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiência, a Declaração de Salamanca, entre outros, enfatizam o valor da pessoa em sua deficiência, alcançando assim mudanças positivas na visão que tanto o governo quanto a sociedade tinham a respeito das pessoas com deficiência.
Infelizmente, não houve progresso na mesma magnitude nas igrejas cristãs e, portanto, a presença de pessoas com deficiência dentro delas não é significativa.
O objetivo deste artigo é fazer um passeio pela Palavra de Deus e analisar, de uma perspectiva bíblica, a existência das pessoas com deficiência e sua função no Plano Divino.
Deficiência no Antigo Testamento
Já no Antigo Testamento havia menção as pessoas com deficiência: “E o Senhor disse: Quem deu boca ao homem? Ou quem fez o mudo e o surdo, quem vê e o cego? Não sou eu, o Senhor?” Êxodo 4:11.
A citação acima deixa claro que Deus é o criador de pessoas com deficiência; que ele tem planos específicos com eles e para eles; que desde o início eles tinham proteção especial. como nos mostra o próximo versículo: “Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.” Levítico 19:14.
Deficiência nos evangelhos
Nos evangelhos, talvez seja onde as pessoas com deficiência sejam mais mencionadas. Um dos versículos chave para corroborar a existência no Plano Divino é a seguinte: “E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” João 9:1-3.
Para os homens dessa época, os sinais visíveis eram necessários, principalmente os relacionados aos deficientes. A cura espiritual e física dessas pessoas servia para demonstrar a divindade de Cristo, como Ele mesmo disse: “Respondendo, então, Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anunciam o evangelho.” Lucas 7:22.
Mas Jesus teve o cuidado de deixar claro que o importante era a cura espiritual, e não a cura física, que isso foi feito para a glória de Deus e não para a glória dos homens. A próxima parte da Bíblia nos mostra: “E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.” Marcos 2:5. “Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.” Marcos 2: 10-11.
No contexto anterior, Jesus nos motiva a romper todas as barreiras que impeçam que as pessoas deficientes cheguem aos pés de Jesus.
É verdade que essas pessoas exigem maior investimento de tempo e recursos materiais, mas para Jesus é investimento que dará frutos eternos. “Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.” Lucas14:13-14.
Deficiência na atualidade
Hoje podemos ler biografias de pessoas tetraplégicas – como as de Joni Eareckson Tada ou de Ron Heagy. Essas pessoas estão presas em uma cadeira de rodas e dependem de outras pessoas, mesmo para as coisas mais básicas. Por causa de seu estado físico, pode se esperar que sejam pessoas amargas e ressentidas, mas porque conhecem o Senhor Jesus Cristo, tem uma atitude totalmente oposta.
Dessa forma, eles mostram que experimentaram o maior milagre, que podem desfrutar de uma vida abundante apesar da sua deficiência, que a alegria não depende da cura física, mas sim da cura espiritual, e que, em condições tão difíceis, possam compartilhar a alegria de viver com o simples fato de que Cristo habita corações, como não podemos fazer em situações menos complicadas.
Suas vidas são testemunho de que o poder de Deus é aperfeiçoado nas fraquezas, e é graças a essa debilidade que Deus os torna fortes diante das adversidades e lhes dá alegria, apesar da deficiência. Não pode haver melhor exemplo do pode de Deus: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” 2 Coríntios 12:9.
Artigo retirado da Revista Alcanzando a los Niños en Riesgo. Ano 3. Número 9.
Edgar Durán é diretor para América Latina do Ministério Marcos 2. Conheça mais!