Deixe as crianças virem a mim: Como preparar suas atividades para receber crianças com deficiência

Deixe as crianças virem a mim: Como preparar suas atividades para receber crianças com deficiência

Por Nela Uitvlugt

Imagine comigo a seguinte situação. Num domingo de manhã, cabe a você receber as pessoas na entrada da igreja, sorrindo animadamente e cumprimentando cada pessoa que entra, principalmente os visitantes. Uma família que você nunca viu antes atravessa a porta. Você dá um aperto de mão caloroso e um bem-vindo a reunião. Então, você percebe que a filha pequena está de pé não muito longe deles, envolvendo os cachos em volta dos dedos e a convida para a escola dominical. A mãe olha para você com ceticismo e pergunta: Você tem certeza? Você realmente quer que ela vá? Você responde imediatamente: Claro! A mãe então diz que sua filha tem autismo e que eles estiveram em muitas igrejas diferentes há vários anos. Eles são bem-vindos até que a igreja perceba que sua filha é diferente. Depois, pedem que deixem a filha em casa durante a escola dominical, porque os professores simplesmente não sabem o que fazer com ela. Seu comportamento é interrompido e ela raramente presta atenção à lição. Agora você não sabe mais o que dizer. Você não pode deixar de convidá-la, mas não tem a menor ideia de como lidar com a situação e se pergunta: é certo o que nosso cartaz diz: “Todos são bem-vindos aqui?”

Isso acontece várias vezes com os pais que tem um filho com deficiência. Eles o rejeitam em todos os lugares, também na igreja. Parece que ninguém entende que sua filha também é filha de Deus, feita à sua imagem. Jesus disse: “Deixe as crianças se aproximarem de mim”, mas para esses pais parece que sempre o filho do outro que é bem-vindo, não o deles. Parece que leva muito tempo para perceberem que sua filha tem dons que foram dados por Deus, que essa garota precisa saber que Deus a ama e quer que ela faça parte de sua família, a família de Deus. Na realidade, ao trabalhar com crianças deficientes, nós recebemos deles tanto ou mais do que aquilo que damos.

Quando nós, a igreja, realmente tomamos tempo necessário para encontrar pessoas com deficiência, muitas vezes nos surpreendemos com os dons que eles tem para compartilhar conosco. Lembro-me de quando minha filha deslocou o cotovelo. No domingo de manhã, ela foi à igreja com um enorme curativo no braço. A maioria dos membros da igreja perguntou o que havia acontecido e como ela tinha se machucado. Mas Pedrito que tem síndrome de Down, se aproximou dela e disse com simplicidade e compaixão: “Você está machucada. Sinto muito”. Sua preocupação e carinho encheram seus olhos de lágrimas. Pedrito claramente entendeu seu sofrimento e se identificou com ela, embora não pudesse entender muito sobre o ferimento que ela sofrera.

Se realmente nos comprometemos a trabalhar com todos os filhos de Deus e, portanto, verdadeiramente recebemos crianças com deficiência em nossa igreja, há várias coisas que devemos fazer antes que a criança seja incorporada ao grupo ou classe. Se prepararmos professores, assistentes e todos os alunos com antecedência, faremos com que se sintam mais à vontade com alguém com deficiência na classe. A seguir, algumas sugestões:

Enfatize o conforto da criança

Verifique se todos se preocupam com o que é melhor para a criança e não com o seu próprio conforto. Como professores, precisamos deixar de lado nossos próprios medos e preocupações e começar a ver isso como uma oportunidade de nutrir essa criança da maneira de Deus.

Comprometer os professores

Todos precisam entender que os professores de escola dominical não são professores de educação especial e não se deve esperar que esse tipo de preparação seja feita. No entanto, os professores devem ter uma visão bíblica pela qual consideram cada criança como feita à imagem de Deus e, portanto, devem mostrar seu amor e preocupação por cada criatura.

Defina as necessidades da criança e estabeleça um plano

Os superintendentes da escola dominical, os pais da criança com deficiência, os professores e os assistentes devem se reunir para discutir as necessidades da criança que fará parte da classe. É útil incluir o pastor nesta reunião para que ele também entenda melhor a família. Esta é uma boa oportunidade para aprender o que causa esse ou aquele comportamento na criança, quanto tempo pode demorar um pouco para se acalmar longe dos outros alunos, que coisas a fazem feliz, que métodos de ensino funcionam e o que a criança gosta e não gosta. Se você tiver uma conversa franca sobre as necessidades da criança, isso dará a cada pessoa uma boa ideia do que esperar antes da primeira aula.

Recrute pessoas que querem ser amigas da criança

Se uma criança com deficiência exigir uma pessoa a mais que esteja com ele na sala de aula, seja por causa de sua deficiência, porque você não possa prestar atenção somente nela, seja difícil usar materiais para artesanatos ou tenha outras limitações, tente recrutar pessoas que estejam dispostas a ter uma amizade genuína com a criança.

Explique a situação às outras crianças

Recomendamos que você envie uma carta aos outros pais sobre a criança, para que eles possam apoiá-lo. Faça isso apenas se os pais da criança com deficiência autorizarem. Assim os outros pais terão tempo para conversar de antemão com seus próprios filhos.

Converse com toda a classe sobre deficiência

Deixe as crianças verem que cada uma é diferente e única. Alguns precisam de ajuda em uma área e outros em outra. Apresentar as coisas como elas são para as crianças nos primeiros anos da escola geralmente as ajuda a aceitar os outros como parte da família de Deus.

 

Artigo retirado da Revista Alcanzando a los Niños en Riesgo. Ano 3. Número 9.

Nela Utvlugt é diretora executiva do Ministerio Amistad. Conheça mais!

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