Diana insistiu diante de Deus. Ela pedia a oportunidade de demonstrar amor e pagar o mal com o bem de uma vez por todas

Diana insistiu diante de Deus. Ela pedia a oportunidade de demonstrar amor e pagar o mal com o bem de uma vez por todas

A mãe implorando a Deus pela vida do seu bebê. Esta foi a cena com a qual nos deparamos ao entrar na sala de espera da UTI do maior hospital pediátrico de Curitiba, PR. Doeu muito ver aquilo.

A caminho do hospital, eu e minha esposa fazíamos perguntas a Deus. Como podíamos achar que Deus levaria o bebê para o bem de todos? Quem somos nós afinal para nos meter em questões de vida e morte, quando não temos o direito nem a capacidade para julgar algo tão precioso como a vida de um bebê? Mudamos por completo o que diríamos, quando vimos o esforço e amor sem limites de Diana* para com sua filhinha Lídia.* Fomos quebrantados e só oferecemos palavras de esperança e nos juntar a ela na batalha pela vida do seu bebê.

Mas é preciso explicar o nosso contexto. Desde o começo de 2000 nossa igreja, situada num bairro de periferia de Curitiba, abriga mães adolescentes e seus filhos em situação de risco e vulnerabilidade social. Somos a única casa-lar em Curitiba que abriga as mães com os seus filhos. Foi para este lugar que as autoridades mandaram a Diana, de quatorze anos, e a recém-nascida Lídia.

Diana tinha sido engravidada pelo pai dela, que tem mais quatro filhas, e pouco tempo antes engravidara uma das irmãs de Diana. Essa primeira fugira de casa depois de abortar. E a mãe das meninas sabia de tudo!

O desenvolvimento de uma criança fruto de relação incestuosa é comprometido. Durante os primeiros meses a pequena Lídia teve vários ataques epilépticos. Parecia que ela não resistiria, mas o amor de Diana pela filha era enorme. Que batalha ética e filosófica! A mesma criança era, de um lado, fruto de um ato repugnante, do outro, resultado da superação e do amor pela vida. Da parte dos médicos especialistas, a oportunidade de analisar e tratar essa criatura quase deu briga.

E a jovem mãe? Quem procurou ver o seu lado da história? Se alguém tinha o direito de opinar, era ela, não? Nossa reação era pedir discretamente a Deus para resolver a situação levando o bebê. Se assim fosse, não mais seríamos confrontados com tantas emoções conflitantes. Mas Diana insistiu diante de Deus. Ela pedia a oportunidade de demonstrar amor e pagar o mal com o bem de uma vez por todas.

Hoje a pequena Lídia tem cinco anos. Diana fez um curso de jovem aprendiz, terminou o ensino médio, saiu da casa-lar e trabalha em uma empresa de transporte coletivo, no departamento de recursos humanos. Ela já comprou sua própria casa por meio de financiamento da Caixa Econômica Federal. Lídia está livre de surtos há três anos. Eu creio que tudo o que foi pedido no nome de Jesus foi concedido de acordo com a sua vontade. Eu admiro essa adolescente, talvez jovem demais para entender todas as implicações do seu caso, mas sensível ao Espírito de Deus o suficiente para ser exemplo a todos nós.

Nota
* Nomes fictícios.

Autor(a): Patrick James Reason é presidente da ONG evangélica Encontro com Deus, de Curitiba, PR. www.encontrocomdeus.org