Dia 1: Cuidado Mútuo na Vida de Jesus

Cuidado mútuo significa que eu cuido de você e aceito que você cuide de mim. Cuidado mútuo é essencial para a manutenção da vida e continuidade da raça humana. Nenhum de nós pode dizer que chegou até aqui a partir do seu próprio esforço. Impossível!

Comecei a pensar sobre Jesus. O que ele nos ensina sobre o cuidado mútuo? Sabemos que ele cuidou de muita gente. Mas, será que receber cuidado foi essencial para a sua missão?

Quem lê a história de Jesus percebe que ele acalmou tempestades, expulsou uma legião de demônios, curou enfermos e até ressuscitou mortos. Queremos que a fé mova montanhas. Desejamos ter a capacidade de suportar o peso, carregar os fardos uns dos outros. Queremos assumir o controle, trazer boas mudanças e transformação para a vida das pessoas que sofrem ao nosso redor.

A verdade é que somos fracos, impotentes, diante da situação presente. E, no entanto, desejamos ser como Jesus, sempre prontos para atender às necessidades que temos em mãos.

Temos que perceber que Jesus não se comportou como um super herói, forte e invencível. Sim, Jesus veio para salvar o mundo. Ele colocou debaixo de seus pés o pecado, a morte e o diabo. No entanto, para fazer isso, ele também confiou em outros e foi amparado.

Na verdade, todo o plano do Senhor dependia da ajuda que Jesus de fato receberia. Sem se tornar vulnerável, o plano de Deus não teria dado certo! 

Você pode encontrar a história de Jesus bebê em Lucas 1:30-35 e 2:8-12.

Para Deus se apresentar a nós como ser humano, ele se colocou na total dependência de um casal bem simples. Ele foi concebido pelo Espírito Santo, algo misterioso e milagroso, mas o parto foi algo normal, pelo qual todos nós passamos.

O plano de salvação de Deus para toda a humanidade dependia de uma adolescente! Maria carregou Jesus em seu ventre por nove meses. Ela e José cuidaram de Jesus em tudo, quando ficou doente, quando se machucou, quando sentiu frio, calor, fome ou dor! Para realmente nos salvar, ele teve que se tornar um de nós. Ele teve que se tornar vulnerável e receber ajuda.

As inseguranças e vulnerabilidades que vivemos hoje não são tão distantes das que Jesus menino viveu.  Lembra que ele nasceu num curral (e ficou temporariamente sem ter onde morar)? Lembra que teve que ser levado para o Egito onde viveu como refugiado por vários anos? (Mateus 2: 13-14).

Para que Deus Filho se tornasse totalmente humano, ele precisou do auxílio de outros. O fato é que todo ser humano precisa da ajuda constante uns dos outros. 

Precisar de ajuda não diminui quem somos, pelo contrário, reconhecer nossa necessidade nos torna mais humanos. Ao mesmo tempo, o apoio que o outro me dá permite que ele se torne mais humano. Cristo nos ensina que somos membros de um só corpo e que cada um precisa do outro. Somos projetados, criados para precisarmos uns dos outros.

Jesus bebê precisou de ajuda, tudo bem.  E Jesus adulto?

Ele caminhou neste mundo por 33 anos, dando e recebendo ajuda num ciclo constante. A tentação para nós é ser como os super-heróis. O problema é que super-heróis não existem de verdade.

Precisamos aceitar nossa limitação humana como algo bom e até belo.  Isto significa que, além de ajudar e servir aos outros, também devemos receber, até mesmo buscar intencionalmente o apoio dos outros, como Jesus fez.

Deus Filho convivendo na Trindade não precisava da nossa ajuda, mas ao se tornar humano, precisou. Ele não considerou isso ruim, errado ou fraco, mas como parte integrante de se fazer humano. Abraçar totalmente a humanidade no que ela tem de melhor (ele nunca pecou) incluía se tornar vulnerável, dar e receber ajuda, viver em cuidado mútuo. 

 

Querido Pai Celestial, que está acima de nós e sobre nós,

Agradecemos porque somos feitos pelo Senhor de forma maravilhosa.

O Senhor nos fez vulneráveis, carentes de proteção, cuidado e afeto. E isto não é defeito, é parte do projeto que o Senhor tem para nós.Obrigado porque podemos receber uns aos outros, desfrutar da companhia uns dos outros e até servir e ser servidos pelos outros.

Ajude-nos, Senhor, neste tempo difícil. Nos dá leveza para dar e receber ajuda.

Dá-nos a sabedoria de conhecer nossas limitações individuais. Traz à nossa memória o fato de que as limitações não são fraquezas, mas sim o ponto onde nos tornamos mais humanos. Como Jesus, nos tornamos presentes uns para os outros.

Amém

  • Por James Bruce Gilbert