Dia 7: “Pastorear as crianças – Nosso compromisso”

 Assim diz o Senhor, meu Deus: Apascenta as ovelhas destinadas para a matança. Aqueles que as compram matam-nas e não são punidos; os que as vendem dizem: Louvado seja o Senhor, porque me tornei rico; e os seus pastores não se compadecem delas. (Zc 11.4,5)

Muitos de nossos meninos e meninas tiveram suas infâncias roubadas, seus sonhos perdidos, seu futuro interrompido. São literalmente banidos e excluídos do direito de viver com dignidade. Perdem antecipadamente a infância porque a sociedade acelera os processos naturais de formação de nossas crianças.

O texto de Zacarias fala de ovelhas destinadas à matança. As crianças têm sido as principais vítimas da matança na sociedade brasileira. Segundo o UNICEF, 16 pessoas menores de 18 anos morrem por dia vítimas de homicídios no Brasil.

São raros os pastores e pastoras que se dedicam às crianças. Muitas igrejas se transformaram em empresas religiosas mantidas por clientes potencialmente capazes de pagar a conta do negócio religioso. Como as crianças não estão em fase de produção econômica, são relegadas a um plano secundário, ou totalmente esquecidas. Se pensarmos nas crianças pobres, o problema fica mais grave. Neste caso nem as crianças nem seus pais conseguem pagar a conta do negócio religioso.

Se somos seguidores de Jesus Cristo, precisamos praticar o pastoreio de crianças com mais intencionalidade. Entre outros compromissos, Jesus priorizou a criança como a pessoa mais importante do reino de Deus.

Zacarias denuncia que “os seus pastores não se compadecem delas”. Escrevo com profundo pesar, indignação e ao mesmo tempo com o desejo de despertar pastores e pastoras comprometidos a combaterem toda forma de violência contra a vida de crianças e adolescentes.

Somos filhos e filhas do reino de Deus e temos por vocação proteger e servir a todas as crianças. É direito delas o acesso a todos os ministérios e serviços do povo de Deus.

Precisamos lhes propiciar espaços onde sejam mais percebidas como atores da revelação de Deus e não como objetos dos desejos desumanos e interesses comerciais. Jesus disse: “Qualquer que receber uma criança, […] a mim me recebe; e qualquer que a mim receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou” (Mc 9.37).

A atitude de proteção e cuidado com as nossas crianças é muito mais do que um significativo gesto de amor e justiça para com elas. É uma questão de compromisso com o Deus Eterno, Pai protetor de todas as crianças.

Ele as protege por meio de homens e mulheres que resolveram continuar a história da salvação, preservando a vida, cuidando e amando uns aos outros, praticando a justiça contra o opressor. Faça de sua família, sua igreja, sua comunidade um lugar onde o bem vence toda a forma de mal.

Pai! Dá-nos a graça e a coragem para interferirmos contra o assassinato de tantas crianças e adolescentes. Rogo pelas mães que perderam a sensibilidade maternal. Sei que são raras, mas lamento que as situações de injustiça e violência tenham gerado algumas mães tão frias e indiferentes.

 

Peço perdão pela omissão da minha geração. Peço perdão pela indiferença e omissão de nossas igrejas. Como pastor, peço por mim e pelos meus pares. Que o Senhor nos conceda a sabedoria e o engajamento necessários para tornar abundante a vida de nossas crianças e adolescentes.

 

Por Carlos Queiroz
Origem: Revista Mãos Dadas. Edição 21

Para refletir:

Como conduzir o pastoreio de crianças com mais intencionalidade?