O desafio da inclusão de crianças com deficiência na igreja – Parte 1

O desafio da inclusão de crianças com deficiência na igreja – Parte 1

Reproduzimos abaixo um trecho do livro “Deficiente – O desafio da inclusão na igreja” escrito pela missionária Brenda Darke, inglesa, radicada na Costa Rica. O livro é fruto da preocupação de longa data da autora que não aceita ver uma igreja que reproduz os preconceitos culturais e se distancia da prática do amor exigido por Jesus.

 

No caminho

Por Brenda Darke

O trabalho com deficientes é caminhar com eles. Se não estamos habituados a caminhar todos os dias, isso vai nos custar esforço, tempo e paciência. No entanto, quando Jesus nasceu, caminhar era normal. Se lermos os textos bíblicos sobre Jesus, perceberemos muitos aspectos culturais de seu tempo e de como ele viveu. Homens, mulheres e crianças, todos andavam de um lugar para o outro. As pessoas importantes podiam montar um cavalo, ou mesmo um jumento, ou então viajar em uma carruagem puxada por animais. Mas o povo pobre tinha de andar.

Jesus caminhou, identificou-se com as multidões de homens e mulheres pobres. Ele andou horas e dias com os seus discípulos e amigos. Durante essas caminhadas, o mestre ensinou-os diretamente e por meio de parábolas ou de ações. Podemos imaginar tais viagens, os momentos tranquilos durante a manhã, antes do calor do meio-dia. Ou o cansaço ao final de uma longa caminhada, quando procuravam um lugar para passar a noite, o que poderia ser em uma casa humilde ou, simplesmente, em um descampado sob as estrelas. A solidariedade durante a caminhada conjunta, o cuidado de uns para com os outros, a fim de que ninguém ficasse para trás, fazia parte da aprendizagem. As conversas e as piadas em torno da mesa, quando finalmente chegavam a seu destino, faziam parte da aventura. As experiências compartilhadas faziam com que se conhecessem melhor, especialmente se alguém estava em apuros. Quando havia discussões entre os discípulos e Jesus precisava intervir, ele os ensinava com sua palavra e exemplo.

A igreja evangélica, assim como a sociedade contemporânea de forma geral, perdeu essa estratégia de aprendizagem. Quem tem tempo para aprender assim, caminhando? Nós usamos o rádio, a televisão, o vídeo e a internet para buscar novas informações. E se queremos interagir com alguém, recorremos ao telefone, ao correio eletrônico, ao Facebook ou ao Skype. Nosso estilo favorito é o virtual e tecnológico, por causa da sua velocidade.

Podemos recuperar alguns dos benefícios da caminhada compartilhada. O peregrino foi escrito pelo inglês John Bunyan e publicado em 1678. É um livro clássico, faz parte de nossa herança evangélica. O herói, o Peregrino, respondeu ao convite para sair de sua casa e descobrir mais sobre Deus enquanto caminhava para a cidade celestial. Ele enfrentou tentações pela estrada e encontrou muitos outros peregrinos. Não andava sozinho; sempre estava conversando com alguém. Diante da velocidade da nossa vida atual, caminhar conversando e dispondo de tempo para nos conhecer parece muito atraente. Em vez de nos comunicarmos por telefone ou e-mail, isso nos daria a oportunidade de dialogar face a face.

Os peregrinos com quem vamos caminhar são como a Elena, uma jovem que nasceu surda, e como Júlia, que tem uma incapacidade físico-motora. Conheceremos também Rodolfo, que começou sua caminhada sem nenhuma deficiência, mas que, depois de uma acidente, apresenta agora uma deficiência. Conversaremos com os pais de crianças que não se dão conta de seu estado de deficiência complexa, mas que lutam para viver e desfrutar a vida. Como declara o livro de Hebreus, é uma multidão caminhando na fé.

Pelo caminho, entabularemos diálogo com outras pessoas que representam os ministérios da igreja e as organizações não governamentais. Esta é uma caminhada em comunidade: a comunidade da nossa fé.

 

Leia o segundo trecho: Deficiência: perda ou pluralidade?

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4 Comentários

  1. NICE

    Excelente texto.
    Somos peregrinos na terra.
    O que nos resta é caminhar pelo Caminho Jesus nos caminhosdas pessoas que encontramos.
    E Jesus o Caminho caminhando nesta peregrinação andou com surdos cegos aleijados deficientes no espírito na alma e no corpo.

    Responder
    • Equipe Mãos Dadas

      Olá Nice! Agradecemos muito seu comentário! Fique conosco e aguarde as novas postagens! Forte abraço!

      Responder
    • Laura

      Ei Viviane, que bom que gostou, ficamos felizes pela sua leitura. Deus abençoe.

      Responder

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