Somos como plantinhas, precisamos da firmeza do solo para nos erguermos em direção ao sol. Há mais de 10 anos, eu e meu esposo, James Gilbert, participamos da Primeira Consulta sobre Teologia da Criança realizada pela Rede Mãos Dadas em Itú, SP.
Na ocasião visitamos uma casa de acolhimento, como parte das atividades da consulta. Queríamos conversar com as crianças para ver o que elas tinham a dizer sobre Deus. Crianças não fazem teologia quando estranhos estão visitando. Geralmente isto acontece naqueles momentos menos esperados, quando a beleza da natureza as encanta, quando à noite, antes de adormecer, recebem uma mensagem especial de consolo e esperança. Então, o nosso tempo de conversa não fluiu muito bem até que perguntamos: “O que você gostaria de perguntar para Deus se ele aparecesse aqui agora?”
A resposta nos causou uma grande inquietação: “Por que Ele não nos deixa voltar para casa?” A pergunta veio de um menino de 11 anos. Antes de se atrever a perguntar ele olhou para todos os colegas como se estivesse pedindo a permissão deles.
Percebemos imediatamente que uma necessidade básica destas crianças estava ameaçada pelo simples fato de terem sido retiradas do convívio familiar. A partir desta constatação começamos a pensar sobre o pertencimento como algo básico, fundamental para todo ser humano.
Como a necessidade de pertencer se relaciona com os relatos bíblicos e a reflexão teológica? Para nossa surpresa, descobrimos que o assunto é muito relevante e atual assim como antigo, vindo desde os primórdios da criação. Não podemos desmerecer uma necessidade tão básica porque nela reside a nossa saudade de Deus!
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